Blog da Cia. Zero Zero de Teatro

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A voz do "L"

Hoje vou revelar para vocês como é feita a voz do "L".
O nosso músico, Greg, pesquisou o animê e juntou diferentes efeitos até chegar numa voz misteriosa!
Quando ele estava criando esse efeito me disse algo curioso: “se você prestar atenção no animê, na voz computadorizada é possível reconhecer a voz do personagem,” então nós optamos por respeitar isso, pois além de ser legal, torna mais compreensível o texto para o público.
Ao longo das apresentações nós ficamos atentos para ver se alguma coisa pode melhorar, seja numa mudança de texto, de entonação ou de andamento...e então regravamos ali na hora mesmo! Foi o caso desse vídeo, nós regravamos a voz do "L" de uma cena toda para apresentação daquela noite.
Uma parte desse trabalho está logo abaixo:

Essa apresentação foi em Marília, e a Paulinha foi nos ajudar com as projeções, pois enquanto todos estavam na labuta, Andrezão estava no Show do Radiohead! Bom pra ele e bom pra nós, que tivemos uma técnica mais bonita do que ele!

sábado, 20 de junho de 2009

Entra Ray Penber e sai "L".

Oi pessoal! Quando estávamos em cartaz no Centro Cultural São Paulo, pedi para nossa produtora me filmar fazendo a troca de figurinos. Esse momento é o mais tenso pra mim, pois o tempo é muito curto e se alguma coisa estiver fora do lugar perco o tempo de voltar para a cena. Normalmente coloco um pouco de calda de chocolate no cabelo, pois se mostrou ser o produto mais eficiente pra deixar o cabelo duro, melhor que gel e laquê extra- forte. Eu sei é nojento, mas ouvi dizer que existem muitos tratamentos de beleza que usam chocolate, então não deve fazer mal! Neste dia, por exemplo, o chocolate não estava... azar vai sem mesmo!

terça-feira, 16 de junho de 2009

A resposta de Vinícius!

..Diz agora Vini, a gente quer saber!

Hugo Neto – A morte comanda o espetáculo do início ao fim. Mas toda morte redunda em algo inútil. Ela não transforma a realidade, não redime nenhum dos personagens. No mundo em que a gente vive, nem mesmo a morte significa alguma forma de transcendência?

Vinícius Carvalho – Não acho que a morte não transforma a realidade ou que não redime nenhum dos personagens. A meu ver, ela é a denunciadora da ação de Kira, quando ele começa a matar criminosos. Ela é a geradora da perseguição de Kira pela polícia. “L” e Souichiro vão atrás de alguém que está matando. É através dela que Kira busca fazer justiça e, no final, quando Raito descobre o próprio nome escrito no Caderno do Shinigami, é o momento em que a personagem mais se fragiliza perante o público. Talvez ela, a morte, não o redima de seus atos. Raito não se arrepende de ser Kira até o último instante, mas, sem dúvida, ela tem um grande impacto na realidade. Raito tem medo de morrer e enfrentar a própria morte o leva a um surto psicológico que é mostrado em seu desespero final, enquanto “L” morre para provar que Raito é Kira e em nome do que crê como sendo justiça. A morte de Raito/Kira pode significar a salvação para aqueles que condenam sua ação e a desilusão para os que o apóia. Já a morte do L pode ser encarada também como uma ação em nome da justiça. Olhando assim, vejo a morte não só como transformadora de realidades e redentora, como também o início e o fim de toda aça. Ela fecha e ao mesmo tempo abre um novo ciclo. Creio que no mundo que a gente vive, a morte sofre uma banalização sim para uma maioria. Entretanto, o tema da morte na história do Death Note e, portanto, na nossa peça, está sendo colocado em discussão, está sendo sublinhado na tentativa de resgatar seu significado ou mesmo de ressignificá-lo.

Hugo Neto – Vinícius, a peça trabalha bastante com choques de ritmos e com a superposição de planos. Raito é o personagem que mais transita ente a ação absoluta e a introspecção absoluta. Quais foram as dificuldades para compor uma personagem que salta tão abruptamente de um estado para outro?

A resposta no próximo capítulo!

sábado, 13 de junho de 2009

Mais entrevista.

Continuando a entrevista, agora as respostas da Thais e do Bruno.

Hugo Neto – A morte comanda o espetáculo do início ao fim. Mas toda morte redunda em algo inútil. Ela não transforma a realidade, não redime nenhum dos personagens. No mundo em que a gente vive, nem mesmo a morte significa alguma forma de transcendência?

Thais Brandeburgo – Para a morte significar transcendência é necessário primeiro aceitar que a morte faz parte da vida. Para mim é bem difícil imaginar como se preparar para perder alguém próximo, a falta que essa pessoa vai fazer, sem de fato passar por isso. Talvez, ao ver isso representado no palco, o pai que perde o filho de forma tão abrupta, seja uma forma mesmo inconsciente de se pensar sobre isso. O espetáculo trata da morte em seu plano mais básico, mais violento e, de certa forma, mais cruel. É o primeiro passo, difícil, mas necessário: a aceitação. Aceitar que a morte existe, que vamos perder pessoas queridas e que também vamos passar por ela, para daí evoluir a qualquer outro significado que se tenha, que vai passar pela crença ou religião individual, ou pela falta dela.


Bruno Garcia – A morte só adquire um significado de transcendência se você possuir alguma crença que empregue esse significado. Muitos artistas têm essa visão e a empregam em suas obras. Acho que uma coisa legal na história de Tsugumi Ohba é justamente quebrar essa expectativa do público deliberadamente. Adicionado à inutilidade das mortes, ele ainda sugere que após a morte não exista céu nem inferno, tornando a morte um final mais abrupto ainda do que muitas pessoas gostam de acreditar.

no próximo capitulo...o que será que vinícius acha disso?

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Os iluminadores de plantão

Durante nossas viagens, nós encontramos muitas pessoas que adoram teatro e diziam que gostariam de ser atores, atrizes, diretores etc...
A pergunta mais recorrente, para não dizer unânime, era sobre como ganhar a vida trabalhando com teatro.
A verdade é que para a maioria dos artistas, é muito difícil se sustentar somente atuando.
No nosso caso todos dão “seus pulos” para garantir o aluguel no fim do mês e o leitinho das crianças! Dando aulas, oficinas e desempenhando outras funções nos bastidores da arte. E como esse blog é justamente sobre os bastidores, achei legal colocar um exemplo disso aqui: O que os atores fazem quando a peça não está apresentando?
Nessa semana eu e o Brunão unimos nossos mosquetões de utilidades e encarnamos nosso outro papel: os iluminadores de plantão!


Agora sim!

Aparentemente a tática: "aguarde o próximo capitulo", está funcionando!
Mas eu prometo não deixar a maldade tomar conta e nem ser corrompido pelo poder!
Mas admito estar adorando esse toque sádico!
Brincadeira a parte segue a continuação de hoje!

Hugo Neto – A morte comanda o espetáculo do início ao fim. Mas toda morte redunda em algo inútil. Ela não transforma a realidade, não redime nenhum dos personagens. No mundo em que a gente vive, nem mesmo a morte significa alguma forma de transcendência?


Miguel Atênsia – Na história, não só na peça como no mangá, quando Kira começa a matar os criminosos, ele, de alguma forma, transforma a realidade do seu mundo, a criminalidade diminui, pessoas do mundo todo se mobilizam para entender o que está acontecendo e explicar as mortes misteriosas. Sem saber quem está julgando, condenando e qual seu critério para isso, o medo passa a fazer parte da vida de algumas pessoas, a realidade dessas pessoas foram modificadas por causa dessas mortes. Agora se essas mortes realmente serviram para melhorar o mundo como era o desejo de Raito? Se sacrificar a vida para pegar o assassino como fez o L, serviu para acabar com o medo das pessoas? Bom provavelmente as coisas voltam ao normal. No mundo em que vivemos é impossível ignorar o holocausto, que a bomba atômica explodiu no Japão, que guerra trás de guerra deixa milhares de vitimas, assim como a fome, a violência urbana, acidentes etc. Nós humanos morremos todos os dias e isso não vai mudar, faz parte de nossa natureza, nós podemos pensar sobre isso e tentar encontrar algum sentido, mas no final não cabe a nós qualquer decisão. É por isso que no final da peça é o Shinigami, o deus da morte, que acaba com o jogo. Raito pode espernear e tentar um trato, pode viver sua vida como acha que é certo, assim como o L, a Misa, o Soichiro e nós também, mas no fim nossa morte pode significar alguma forma de transcendência? Não sei.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Post longo não rola.

Bom realmente a entrevista ficou muito longa!
Eu pensei que alguém se interessaria, mas depois de conversar com algumas pessoas vi ninguém estava lendo, o Brunão me confessou que nem ele leu inteiro, e descobri que nem minha própria mãe leu! Bom depois dessa tenho que aceitar que leitura na internet precisa ser curta! Eu poderia ficar aqui falando sobre isso, mas o post ia ficar muito longo e ninguém iria ler!
Agora a entrevista tentativa 2:
Os atores da Companhia Zero Vinícius Carvalho, Bruno Garcia, Miguel Atênsia e Thais Brandeburgo respondem a questões sobre O Caderno da Morte último espetáculo do grupo, sobre a Arte Teatral e sobre os temas da morte e da violência em entrevistas realizadas entre 2 e 7 de maio de 2009.

Hugo Neto – A morte comanda o espetáculo do início ao fim. Mas toda morte redunda em algo inútil. Ela não transforma a realidade, não redime nenhum dos personagens. No mundo em que a gente vive, nem mesmo a morte significa alguma forma de transcendência?

terça-feira, 2 de junho de 2009

Marcados para Morrer

Saiu uma matéria muito legal sobre nossa peça no site da USP.
Foi escrita por Hugo Neto e a entrevista foi muito rica. Serviu para aprofundarmos a discussão, vou colocá-la aqui em breve, por hora deixo a matéria para vocês curtirem.

CIA. ZERO ZERO COLOCA HOMENS E DEUSES EM AÇÃO NUM ESPETÁCULO MULTIMIDIÁTICO DE MORTE E VIOLÊNCIA

O Caderno da Morte

Uma pessoa cujo nome tenha sido escrito num Caderno da Morte está fatalmente destinada a morrer. Esse é o eixo temático central da série de mangá japonesa Death Note, escrita por Tsugami Ohba e ilustrada por Takeshi Obata, a qual veio a ser, posteriormente, transformada em anime para a TV e também foi adaptada com sucesso para o cinema. A obra que se tornou um cult entre jovens do mundo inteiro chegou também aos palcos paulistanos.

A companhia teatral Zero Zero traz ao cartaz O Caderno da Morte, espetáculo que conta a celebrada história de Raito Yagami (Vinícius Carvalho), um jovem estudante que se vê investido do poder sobre-humano de determinar a morte de qualquer pessoa depois de encontrar o caderno de Ryuk (Bruno Garcia), um Shinigami (um Deus da Morte). Sob o pseudônimo de “Kira”, Raito passa a utilizar o poder desse caderno para promover uma erradicação da violência, promovendo a pena capital inapelável para todos criminosos, fazendo justiça com as próprias mãos o que resulta em conseqüências desastrosas. Kira, um desdobramento de Raito, revela-se um eficaz e popular justiceiro, um executor implacável e sagaz mas tem de enfrentar “L”, o maior detetive do mundo num perigoso jogo de gato-e-rato.





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Justiça Retilínea

As perspectivas de morte e justiça formam o eixo temático central da encenação. Destinado ao público juvenil, O Caderno da Morte encena a burocratização da morte frente à ineficiência do aparato jurídico estatal. A solução simplista de Raito para uma realidade crivada de ambigüidades o coloca em oposição à ordem de valores numa clássica história de investigação e de autodestruição.

Subsidiado pela rica simbologia e pelo repertório visual e sonoro das adaptações precedentes do mangá, a encenação circunscreve a onipotência do serial killer e de seu obsessivo ideal de um mundo purificado pela justiça aos limites de seu irremissível complexo de inferioridade. Rapidamente Raito, o criador, se vê submetido aos desígnios de Kira, a criação. Entre uma coisa e outra, o esplêndido Shinigami paira sobre a ação como uma imperturbável moira sempre alerta apara arrastar sua vítima rumo a um destino mais vazio que a própria morte.




Signos da Urbanidade

As alegorias do espetáculo desdobram muitos dos elementos simbólicos da obra original com resultados bastante eficientes. O caderno do Shinigami adquire o status de um objeto mágico e sugere o poder metaforicamente destrutivo implícito na escrita. Símbolos vinculados à mitologia ocidental da morte – tais quais a maçã, célebre fruto do conhecimento do Bem e do Mal – convivem em harmonia cênica com elementos iconográficos do universo mítico oriental graças à direção de Alice K., uma especialista na cena teatral japonesa.

Apesar de largamente inspirada na iconografia do mangá, a qual foi consagrada nas versões da obra para as telas, a montagem teatral da Cia. Zero Zero caracteriza-se por soluções cênicas criativas e possui inúmeros méritos próprios. Com um pequeno elenco, a peça avança a passo rápido sem perder o fôlego. A estética multimidiática combina habilmente a linguagem do vídeo, do telejornal, dos filmes B de terror, de science-fiction e das HQs, colocando luz na espetacularização da violência com imagens agressivas e marcantes. O cenário enxuto, construído em planos superpostos, separadas por estruturas transparentes, provê o espetáculo de um caráter onírico e sugere eficazmente as tensões psíquicas dos personagens frente ao Shinigami e ao poder devastador por ele conferido. O espetáculo é construído num ritmo acelerado, com rupturas marcantes em situações nas quais o cotidiano e o insólito coexistem em todos os seus contrastes.


Ademais, a encenação é marcada pelos signos da urbanidade: os temas da imprevisibilidade, do acaso, da coincidência e da trivialidade da existência são embalados numa trilha sonora estimulante, marcada pela superposição de sons e vozes e pela cacofonia, além dos temas derivados do próprio anime. O Caderno da Morte tempera a ação e o tema da morte com humor num espetáculo que sustenta sempre eficientemente a atenção do seu público-alvo.

Para ver a matéria no site é só entrar aqui:
http://www.jorwiki.usp.br/gdnot08/index.php/Marcados_para_Morrer

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Só a fita crepe salva!

Olhar os bastidores de qualquer coisa é sinônimo de conhecer suas gambiarras, seus truques e jeitinhos. E teatro, posso dizer por causa vivida, não se sustenta sem a fita crepe. Muito já se falou de teatro pobre, que só é preciso um ator e um público para acontecer o fenômeno teatral, mas me pergunto: Será que para chegar no momento da apresentação esse cara não usou nem um pedacinho de fita crepe? Nem que seja para colar um cartaz de divulgação? Remendar uma folha de papel ou fazer um curativo no dedão pois não tinha esparadrapo? Penso que para haver um fenômeno teatral só é necessário um ator, um espectador e um rolo de fita crepe! Do teatro de rua despretensioso as maiores produções musicais da Broadway, lá está ela firme e forte segurando o verso remendado para a frente brilhar maravilhosamente, a fita crepe é a maior escada dos melhores atores, ajudando incognitamente o sucesso de outro. A fita crepe é altruísta, generosa e branquinha! É a minha, a sua, a nossa amiga! VIVA A FITA CREPE!


Vocês notaram um Tiozinho comendo lanche nesse video? Onde está o tiozinho? Deixando claro que não é o Rudson(Yagami), nem o Vini cansadão(Raito).