Blog da Cia. Zero Zero de Teatro

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Personagem intelectual atrai o público?


Hugo Neto – Miguel, “L” é um personagem essencialmente cerebral. Seus momentos mais significativos são marcados pela atividade mental e não pela ação física, o que é diferente daquilo que os demais atores fazem. No jogo de gato-e-rato com Raito, “L” luta mentalmente para solucionar a charada do Shinigami. Numa época em que a juventude exalta tanto a ação, a atitude, o vigor físico, o corpo saudável por quê um personagem puramente intelectual atrai tanto o público?

Miguel Atênsia – Se eu for pensar pelo ponto de vista do ator e o caminho que percorro para fazer este personagem é possível que eu te surpreenda dizendo que não é tão diferente dos outros atores. A questão é justamente essa: como realizar uma atividade mental em uma linguagem essencialmente de ação como é o teatro? A pista que encontrei foi justamente pela ação física, o que se passa na cabeça do personagem não voa magicamente até o público, então a maneira como o personagem utiliza os objetos, o tempo-ritmo que ele emprega em suas ações vão esclarecendo, aos olhos de quem está assistindo, que este personagem está atento e planejando o próximo passo. Acho que o “L” atrai, pois ele instiga o lado intelectual do público, que olha para um personagem esquisito e não consegue entende-lo rapidamente, e o esforço para desvendá-lo é um jogo com a curiosidade natural das pessoas, que sentem prazer ao brincarem de detetive também.

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