Blog da Cia. Zero Zero de Teatro

terça-feira, 2 de junho de 2009

Marcados para Morrer

Saiu uma matéria muito legal sobre nossa peça no site da USP.
Foi escrita por Hugo Neto e a entrevista foi muito rica. Serviu para aprofundarmos a discussão, vou colocá-la aqui em breve, por hora deixo a matéria para vocês curtirem.

CIA. ZERO ZERO COLOCA HOMENS E DEUSES EM AÇÃO NUM ESPETÁCULO MULTIMIDIÁTICO DE MORTE E VIOLÊNCIA

O Caderno da Morte

Uma pessoa cujo nome tenha sido escrito num Caderno da Morte está fatalmente destinada a morrer. Esse é o eixo temático central da série de mangá japonesa Death Note, escrita por Tsugami Ohba e ilustrada por Takeshi Obata, a qual veio a ser, posteriormente, transformada em anime para a TV e também foi adaptada com sucesso para o cinema. A obra que se tornou um cult entre jovens do mundo inteiro chegou também aos palcos paulistanos.

A companhia teatral Zero Zero traz ao cartaz O Caderno da Morte, espetáculo que conta a celebrada história de Raito Yagami (Vinícius Carvalho), um jovem estudante que se vê investido do poder sobre-humano de determinar a morte de qualquer pessoa depois de encontrar o caderno de Ryuk (Bruno Garcia), um Shinigami (um Deus da Morte). Sob o pseudônimo de “Kira”, Raito passa a utilizar o poder desse caderno para promover uma erradicação da violência, promovendo a pena capital inapelável para todos criminosos, fazendo justiça com as próprias mãos o que resulta em conseqüências desastrosas. Kira, um desdobramento de Raito, revela-se um eficaz e popular justiceiro, um executor implacável e sagaz mas tem de enfrentar “L”, o maior detetive do mundo num perigoso jogo de gato-e-rato.





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Justiça Retilínea

As perspectivas de morte e justiça formam o eixo temático central da encenação. Destinado ao público juvenil, O Caderno da Morte encena a burocratização da morte frente à ineficiência do aparato jurídico estatal. A solução simplista de Raito para uma realidade crivada de ambigüidades o coloca em oposição à ordem de valores numa clássica história de investigação e de autodestruição.

Subsidiado pela rica simbologia e pelo repertório visual e sonoro das adaptações precedentes do mangá, a encenação circunscreve a onipotência do serial killer e de seu obsessivo ideal de um mundo purificado pela justiça aos limites de seu irremissível complexo de inferioridade. Rapidamente Raito, o criador, se vê submetido aos desígnios de Kira, a criação. Entre uma coisa e outra, o esplêndido Shinigami paira sobre a ação como uma imperturbável moira sempre alerta apara arrastar sua vítima rumo a um destino mais vazio que a própria morte.




Signos da Urbanidade

As alegorias do espetáculo desdobram muitos dos elementos simbólicos da obra original com resultados bastante eficientes. O caderno do Shinigami adquire o status de um objeto mágico e sugere o poder metaforicamente destrutivo implícito na escrita. Símbolos vinculados à mitologia ocidental da morte – tais quais a maçã, célebre fruto do conhecimento do Bem e do Mal – convivem em harmonia cênica com elementos iconográficos do universo mítico oriental graças à direção de Alice K., uma especialista na cena teatral japonesa.

Apesar de largamente inspirada na iconografia do mangá, a qual foi consagrada nas versões da obra para as telas, a montagem teatral da Cia. Zero Zero caracteriza-se por soluções cênicas criativas e possui inúmeros méritos próprios. Com um pequeno elenco, a peça avança a passo rápido sem perder o fôlego. A estética multimidiática combina habilmente a linguagem do vídeo, do telejornal, dos filmes B de terror, de science-fiction e das HQs, colocando luz na espetacularização da violência com imagens agressivas e marcantes. O cenário enxuto, construído em planos superpostos, separadas por estruturas transparentes, provê o espetáculo de um caráter onírico e sugere eficazmente as tensões psíquicas dos personagens frente ao Shinigami e ao poder devastador por ele conferido. O espetáculo é construído num ritmo acelerado, com rupturas marcantes em situações nas quais o cotidiano e o insólito coexistem em todos os seus contrastes.


Ademais, a encenação é marcada pelos signos da urbanidade: os temas da imprevisibilidade, do acaso, da coincidência e da trivialidade da existência são embalados numa trilha sonora estimulante, marcada pela superposição de sons e vozes e pela cacofonia, além dos temas derivados do próprio anime. O Caderno da Morte tempera a ação e o tema da morte com humor num espetáculo que sustenta sempre eficientemente a atenção do seu público-alvo.

Para ver a matéria no site é só entrar aqui:
http://www.jorwiki.usp.br/gdnot08/index.php/Marcados_para_Morrer

2 comentários:

  1. Perdi a oportunidade de assitir a peça aqui em Sampa... terei uma nova oportunidade? Aliás, amigos de Santos agradeceriam se pudessem assistí-la lá.

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  2. Deviam fazer uma turnê nacional, começando pelo Acre e terminando no extremo sul do Rio Grande do Sul.

    Devia virar um dvd, assim como fizeram a Cia. de Humor Os Melhores do Mundo. Ia ser legal!

    Sucesso, gurizada!

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